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Brasil inicia colheita de soja em meio a real forte

28/12/2009
Os sojicultores brasileiros iniciaram cedo a colheita da safra 2009/10 de soja, cujo desenvolvimento tem recebido a ajuda de chuvas acima do normal. Entretanto, o real forte vai limitar o lucro. Corretores disseram que os primeiros carregamentos de soja começaram a chegar na última semana aos silos no norte do Mato Grosso, o principal Estado produtor. "O trabalho nos campos começou na segunda-feira (passada) em Lucas do Rio Verde...e áreas de Tapurah já começaram a colher também", disse um corretor de um silo da Cargill na região, explicando que algumas outras regiões iniciariam a colheita nos próximos dias. O plantio de soja no Brasil, segundo maior produtor do mundo após os Estados Unidos, começa em setembro nos Estados do Centro-Oeste e termina em dezembro no Rio Grande do Sul. A colheita segue a mesma sequência, começando no final de dezembro em Mato Grosso e no sul em maio. A expectativa é que o Mato Grosso tenha uma safra recorde de soja de cerca de 18,5 milhões de t -e os produtores iniciaram a colheita antes do normal, depois que as chuvas em agosto e setembro ajudaram a iniciar o plantio mais cedo. Cerca de 2,2 milhões de ha de área plantada devem ser colhidos nos dois primeiros meses de 2010, contra 1,7 milhão de ha no mesmo período deste ano, de acordo com a Aprosoja, do Mato Grosso. Cerca de 23 milhões de ha da área agrícola do Brasil são destinados à soja. "O volume de soja a ser colhido em janeiro é bem maior do que o normal", disse o diretor-executivo da Aprosoja, Marcelo Duarte, afirmando que novas variedades e maquinário ajudaram a antecipar o início da colheita. A cada ano os produtores do Mato Grosso buscam plantar soja o mais cedo possível, para que possam utilizar os mesmos campos para o milho de inverno ou algodão, logo depois de colherem a soja. Devido à baixa disponibilidade sazonal, os produtores que conseguirem entregar soja até 10 de janeiro receberão em média 35 reais (20 dólares) por saca de 60 quilos, contra 28 reais nos meses seguintes, na área de Sorriso. Dólar Fraco Com a safra de soja se desenvolvendo bem, uma das principais questões agora em Mato Grosso é a apreciação do real, o que significa que os produtores terão menos dinheiro nas mãos quando fizerem a conversão do dólar pago pelos importadores. O real sofreu apreciação de quase 40% desde o início de março e era negociado a cerca de R% 1,7 por dólar contra R$ 2,4 mais cedo no ano. "Em dólar, os preços são muito bons, mas o câmbio forte acaba prejudicando a rentabilidade do produtor. Para a maior parte das regiões de Mato Grosso estamos no breakeven (equilíbrio entre receita e gastos)", disse o analista da Agência Rural, Eduardo Godói. Devido à distância para os portos, os preços pagos pela soja no norte de Mato Grosso são normalmente os menores do País. O cinturão de grãos do Brasil tem estado mais úmido do que o normal para essa época do ano devido ao fenômeno climático El Niño, que é positivo para o desenvolvimento geral da safra mas também causa mais riscos de doenças fúngicas, como a ferrugem. Especialistas alertaram para a possibilidade de um aumento na incidência de ferrugem - a doença pode destruir 80% da soja no campo se não for tratada. Mas o problema parece estar sob controle até agora. "Aparentemente, o número de casos está mais alto neste ano do que em 2008, e a ferrugem começou mais cedo do que o normal, mas ainda não vejo nenhum problema sério", disse Godói. Ele afirmou que os produtores têm sido cautelosos, adotando medidas preventivas, explicando entretanto que a questão pode se tornar mais séria se as chuvas ficarem mais frequentes, impedindo os produtores de espalharem fungicidas. "O Mato Grosso vai provavelmente ter sua maior safra da história, perto de 19 milhões de t ", disse ele, afirmando que 3,5 milhões de t desse volume vão chegar ao mercado já em janeiro. Chuvas excessivas em novembro também contribuíram para um atraso no plantio no Rio Grande do Sul. O Estado, terceiro maior produtor, plantou 85% da área estimada, ante média de 93-94% em anos anteriores. Mas uma vez plantada, a chuva deve ajudar a soja a se desenvolver. "Em anos normais, as chuvas no Rio Grande do Sul ficam levemente abaixo do normal. Em anos do El Niño, que tendem a ser mais úmidos, normalmente temos produtividade e produção maiores", disse Célio Colle, agrônomo da Emater. Invertia
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